Nessa minha nova fase venho observando muito como algumas empresas conseguem crescer, indo das mais tradicionais até as techs de inovação, e mesmo em meio a crises em seus mercados, crises políticas conseguem inovar e continuar tendo dígitos positivos.
Uma grande semelhança que observei dessas empresas indo do mercado tradicionalismo de peças e grandes máquinas como a John Deere até uma referência em inovação como a Nubank é a consistência no aprendizado contínuo. Elas não se apegam as dificuldades, e sim nas próximas ações, nos seus times e como vão enfrentar esse novo momento.
Grande parte das empresas do Brasil, até empresas gigantes, com faturamento alto, não davam tanta importância para cultura de aprendizado da porta para dentro e vejo que quem consegue fazer isso com excelência, sem só mais uma universidade corporativa para “quem quiser, tem aí”, está se destacando cada vez mais, além de manter seu colaborador dentro casa, crescendo, gerando valor e entregando acima do mercado.
A John Deere entende que conhecimento técnico e capacitação de pessoas são parte essencial da entrega de valor ao cliente, especialmente no agronegócio, onde as máquinas são sofisticadas e o suporte técnico é decisivo.

Como a cultura de aprendizado é aplicada:
- Centros de treinamento físico e digital no Brasil:
- Possuem estrutura robusta em Indaiatuba-SP e em outros polos para treinar técnicos, vendedores e concessionários.
- Parceria com SENAI e universidades:
- Formação de mão de obra técnica e programas de estágio com trilhas de aprendizado em mecânica, elétrica, tecnologia e agricultura de precisão.
- Capacitação contínua da rede de concessionários:
- O foco está em tornar cada ponto de venda e assistência um centro de excelência técnica.
- Há programas de certificação, reciclagem e treinamento remoto.
- Conteúdo técnico e treinamentos gamificados:
- Uso de simuladores e plataformas online para treinamento constante de operadores, consultores e engenheiros de campo.

Resultados:
- Elevado nível de fidelização dos clientes.
- Baixo índice de falha técnica devido à padronização e aprendizado contínuo.
- Expansão da marca em áreas cada vez mais tecnificadas do agro brasileiro e mundial.
NUBANK: Aprendizado contínuo como motor da inovação

Desde o início, o Nubank entendeu que gente boa, curiosa e em constante evolução seria sua maior vantagem competitiva, mais do que tecnologia ou produto. Por isso, o aprendizado virou parte da cultura.
Como o Nubank aplica a cultura de aprendizado:
1. Nubank Academy (plataforma interna de aprendizagem)
- Plataforma própria para desenvolvimento de hard e soft skills.
- Trilhas personalizadas para diferentes áreas (engenharia, atendimento, liderança, marketing etc.).
- Estimula o colaborador a aprender de forma autônoma, com conteúdos curtos, práticos e aplicáveis.
2. Learning Fridays
- Todas as sextas-feiras à tarde são reservadas para aprendizado — cursos, mentorias, workshops ou tempo livre para estudo.
- Mostra que aprender faz parte da jornada, e não é algo “extra”.
3. Feedbacks estruturados e cultura de vulnerabilidade
- Os líderes estimulam o “erro consciente”: errar rápido, aprender rápido, documentar e compartilhar com o time.
- Feedbacks regulares e abertos, com foco em crescimento.
4. Trilhas para novos líderes e onboarding acelerado
- Quando alguém assume um cargo de gestão, há uma trilha obrigatória de liderança (com temas como comunicação, escuta ativa, delegação, etc.).
- Onboarding de novos colaboradores tem foco em contextualizar rapidamente, reduzindo curva de aprendizado e aumentando a confiança desde o início.
5. Comunidades internas de aprendizagem
- Times criam seus próprios rituais: “Tech talks”, “Product Labs”, “UX Cafés” — encontros curtos e frequentes onde colaboradores ensinam uns aos outros.
- Isso cria um ambiente horizontal de aprendizado compartilhado.

Resultados:
- O Nubank saiu de uma startup para se tornar um dos maiores bancos digitais do mundo, com mais de 90 milhões de clientes (2024) e valuation bilionário.
- Crescimento consistente sem perder eficiência e cultura, mesmo com expansão em mercados como México e Colômbia.
- Altíssima atração e retenção de talentos, porque oferece desenvolvimento real e rápido.
E agora você que é um pequeno e médio empresário pensa, como posso aplicar isso na prática?
Separei 5 iniciativas que conseguimos começar aplicar de forma fácil e rápida e nossas empresas:
1. Criar um “dia do aprendizado”
Separe 1 hora por semana para o time inteiro consumir e debater um conteúdo juntos: um vídeo, artigo, TED ou case real do negócio.
Cria consistência, engaja o time e mostra que aprender é parte da cultura, não obrigação.
Como aplicar:
Escolha um tema relevante (ex: vendas, atendimento, produtividade) e, toda sexta, um colaborador diferente apresenta o que aprendeu.
2. Estabelecer “Mini Trilhas de Onboarding”
Toda nova pessoa no time recebe um roteiro simples com: cultura da empresa, principais processos, vídeos internos e boas práticas.
Grave vídeos curtos com o próprio fundador explicando como a empresa pensa, age e decide. Faça isso uma vez e use sempre. Acelera o engajamento e reduz o tempo de adaptação de novos colaboradores.
3. Roda de Aprendizado Semanal entre Pares
Funcionário ensinando funcionário: cada pessoa do time ensina algo que domina aos demais.
- Como aplicar:
Crie um “Calendário do Saber” com temas que cada um pode compartilhar: técnicas de vendas, Excel, organização, comunicação. - Por que funciona:
Estimula protagonismo, reconhecimento interno e fortalece o time.
Não basta cobrar metas é preciso perguntar: “O que você aprendeu este mês? O que quer aprender no próximo?”
4. Feedback Mensal Estruturado com Foco em Desenvolvimento
- Como aplicar:
Use 3 perguntas fixas todo mês com cada colaborador:- O que te deu mais orgulho no mês?
- O que foi mais desafiador?
- O que você gostaria de aprender melhor?
- Por que funciona:
Tira o foco só de cobrança e transforma a empresa em uma escola de crescimento.
5. Canal Interno de Conteúdo e Dúvidas
Pode ser um grupo de WhatsApp, Slack ou mural físico com nome: “Aprendi Isso Hoje”.
- Como aplicar:
Sempre que alguém resolver um problema, aprender uma ferramenta nova ou simplificar um processo, compartilha ali.
Por que funciona:
Gera um repositório de inteligência coletiva. Um problema resolvido vira referência para todos.
Essas iniciativas exigem zero ou baixíssimo investimento financeiro, mas constroem uma base sólida para formar equipes engajadas, adaptáveis e com sede de evolução, que é exatamente o que permitiu a John Deere se manter gigante por séculos e o Nubank crescer em poucos anos.